quarta-feira, 15 de julho de 2009

Diário de um Vírus II

11 de fevereiro de 2001

Ninguém acredita em elefantes azuis que voam, porque ninguém nunca viu. Eles se confundem com o azul do céu, flutuando como balões de gás. E estão em toda parte.

Eu não acredito, eu sei que elefantes azuis que voam existem, porque sinto e penetro seus corpos. Têm a carne de algodão doce, o sangue feito de sopro, e andam quase se dissolvendo pelo ar, como as últimas imagens de sonho no decorrer do dia. A razão não alcança esses elefantes.

Amo a sutileza desses bichos flanando sobre os arranha-céus. Pegá-los no pulo do sol pela manhã. Revirar o sande de sopro em ventania pela tarde, descolorir a pele em tons cinza de concreto urbano, esgarçar o algodão da carne até desmanchar o corpo. Enquanto os homens pensam que quem virá é o tempo.

Tromba d'água. Enquanto a razão faz metereologia.

Cíntia França - Pausa #3 - BH abril 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário