terça-feira, 14 de julho de 2009

Banalidades e Cartas

Quantas cartas, cartões e fotos antigas
Aquele dia na escola
Aquela festa esquisita
Ih! Aquele vestido amarelo...
Que amarelou mesmo e eu joguei fora.

Quantas lembrancinhas miúdas.
Esses chaveiros, essas brincadeiras de foca,
Essas cadeirinhas,
Todos esses aniversários, brigadeiros,
Todos me avisavam que um dia isso ia acabar.

Os rostos que eu não toco mais se suavizam
na memória fotográfica da mente, vão se diluindo.
E aqueles abraços tão apertados
viraram galáxias remotas, dinossauros e fósseis

Em cada amor eu não disse tudo o que podia.
Em cada amor esse esgarçar da distância, essa letargia,
Pois há um inexorável abismo entre eu e quem amo.
Um abismo surpreendente como a eternidade.

E passam-se os anos, os anos, os anos.
E tudo vira passado, passado, passado.
Novos rostos, novos beijos e desejos
E algo lá atrás que lateja, uma saudade como brotoeja.

E não adianta insistir.
O que é de 1992 é de 1992, de 1975 é de 1975.
Tudo muda sempre.

E eu sentada frente a esse baú de velhas cartas.
Onde eu coleciono "eu te amos" de 1984, 1990, 1995.
Só consigo perceber que nada é meu.
Nada pode ser aprisionado.
Por minhas mãos atônitas e febris de paixão.
As pessoas nem pertencem a elas mesmas!

A mim, Deus mostrou a crueza e a beleza desses anos,
Elas estão em mim, no que meu corpo se transformou.
Nessas mãos afetivas, nesses olhos curiosos,
nesse frio na minha barriga.

*Banalidades e Cartas é de autoria de I.M.A. Grande amiga e publicado aqui sem autorização.

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