terça-feira, 30 de junho de 2009

A primeira Visão

Após abrir os olhos, tudo o que enxerguei foi o amor. Amor sabendo que ele não existiria; e , se existisse, encheria tanto os pulmões...até estourar.

Quis isso quando criança, mas noutros tempos quis só esquecer que talvez as pessoas tenham nascido para amar; senão, qual outra utilidade para viver? Pergunta exclusa do meu pensamento.

E meu corpo fora lançado contra as rochas, no mar, e os olhos fechados outra vez e a coisa especial de não se poder cair: pensei que o amor fosse isso, o amor pelo qual esperamos toda vida... mas como ter certeza? Gosto das exatidões quando se precisa agarrar numa esperançosa verdade.

Depois de muito adormecida, os olhos se abrem enquanto tudo diz: feche os olhos! E o som denso de água, como o som da morte; onde a noção se perde e o espaço é grande demais. A mistura das águas com os olhos, já cristalinos. A esperança balbuciando frente a tudo aquilo. A imensidão.

Acholhida por um universo de água sem fim, que não se espelha e também não multiplica nenhuma vontade - sem dor, fome ou desespero. Talvez isso seja amor.

Por Juliana Vallim (Casa da Letra - Língua e Literatura - BH - MG)